CARTA AO AMOR
Penso que desejamos a separação para não sofrer mais.
Produzimos a separação, é a resposta mais rápida.
Produzimos a separação, é a resposta mais rápida.
A resposta mais rápida é vista como a certa.
Um alívio para seguir com o trabalho, e mostrar clareza aos amigos.
Um alívio para seguir com o trabalho, e mostrar clareza aos amigos.
E os amigos bem-intencionados não vão nos ajudar.
O que disserem a respeito do que aconteceu não será suficiente,
o amor é um dialeto restrito aos dois que se amam.
Não reparamos no principal, Amor.
Não reparamos que quando amamos o tempo não faz a mínima diferença.
Amar será sempre recente: será ontem. Anos juntos e a sensação é que foi ontem.
Anos separados e a sensação é que foi ontem. Ontem, ontem. Não há anteontem no amor.
Anos separados e a sensação é que foi ontem. Ontem, ontem. Não há anteontem no amor.
As lembranças mais longínquas já são corpo.
É uma pena, Amor, que somos mais decididos do que amorosos.
Amar é não decidir. Decidir é terminar sempre.
Amar é não decidir. Decidir é terminar sempre.
Aguardo seu retorno.
Abraço
Fabrício Carpinejar