sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Insensatez

"Gosto da forma indecente e sorrateira com que me olhas, quando o desejo te assalta e o ímpeto de me desvirtuares te consome, transpirando por todos os teus poros. E o teu sorriso de menino me galanteia seguro do entendimento da minha alma, apaixonada pela tua desde os primórdios da existência humana. Vou passeando-me diante ti, enquanto me cobiças, como um diamante raro nunca antes encontrado... e de repente o teu cheiro chega-me, com o pulsar do teu coração a atingir-me em cheio nas omoplatas, os lábios a descerem pelo pescoço beijando-me até à clavícula, depois de me morderes a orelha, numa viajem de puro atrevimento condimentado com suspiros de satisfação. Afagas-me o cabelo num gesto de cuidado cheio de meiguice e devoção, tornando o mundo demasiado exíguo para suportar tamanho amor o nosso. A tua imoralidade hiperactiva invade os meus sentidos, inebriando-os num puro erotismo dissolvendo a minha timidez como quem dilui açúcar no café. Acabando com o pudor, levando os meus dedos a entrelaçarem-se no teu cabelo curto e as minhas pernas a enlaçarem-te o tronco numa alquimia perfeita em que te absorvo através da minha pele. Sob as estrelas que nos iluminam insinuando que o mundo gira lá fora, abandono-me no abismo do teu olhar e afundamo-nos um no outro como navios naufragados no seu porto seguro."
 Ines Freitas (Flor)

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