sábado, 31 de julho de 2010

Caixinha

Tenho uma caixinha onde ponho os sonhos que quero guardar
Depois, de vez quando, abro-a para os ver dançar à minha volta...

Luis Rodrigues

sexta-feira, 30 de julho de 2010

O seu gosto

a língua lambe a própria boca
a língua acalenta o gosto
de sal, açucar e saliva
a lingua não se veste
mora em lugar quente
a língua lambe a palavra
os selos e as ostras
a língua absorve lágrima e sêmem
comprida ou curta é sempre doce
uma língua lambe a outra

Martha Medeiros
(Cartas Extraviadas)

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Quem será que há de me acariciar os cabelos e cuidar de mim...
Pagar as minhas contas enquanto escrevo?
Quem encerará a casa enquanto eu publico?
Quem lavará a roupa enquanto eu medito e faço exercício de voz?
Quem dentre vós quer trabalhar para mim que eu pago!
Quem tarefará a vida
enquanto eu exerço o oficio de ser poeta e cozinheira só.
Depois nos sentaremos à mesma mesa e trocaremos nossas poeiras
Você me fará afagos e eu te beijarei com meus versos
Você me contará da purificação que pode promover um Pinho sol
E eu te falarei do sol que nasce desse pinho poeta
sobre a máquina de escrever
Jantaremos a comida que eu vou fazer.
Entre feijão e poemas seremos felizes, apenas.


Desconheço a autoria, pois me enviaram através de e-mail. Se algum amigo(a) souber, agradeço se me informarem para que eu possa colocar o devido crédito nessa postagem.
 
Carmem Gomes

Saber esperar alguem


Não há mais sublime sedução do que saber esperar alguém.
Compor o corpo, os objectos em sua função, sejam eles
A boca, os olhos, ou os lábios. Treinar-se a respirar
Florescentemente. Sorrir pelo ângulo da malícia.
Aspergir de solução libidinal os corredores e a porta.
Velar as janelas com um suspiro próprio. Conceder
Às cortinas o dom de sombrear. Pegar então num
Objecto contundente e amaciá-lo com a cor. Rasgar
Num livro uma página estrategicamente aberta.
Entregar-se a espaços vacilantes. Ficar na dureza
Firme. Conter. Arrancar ao meu sexo de ler a palavra
Que te quer. Soprá-la para dentro de ti -------------------
----------------------------- até que a dor alegre recomece.

Maria Gabriela Llansol

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Para Ti

Vontade de correr pro teu colo
Ficar deitada no teu peito sem dizer nada
Depois de tanta ausência
De bons e maus momentos não compartilhados
Depois do nada
Dá vontade de correr aí...
Te ver, te chamar.
Porque é quando dói, mas dói muito
É quando sinto, sinto muito
Que eu penso mesmo em mim.
Porque eu me perco mesmo...
Deixo-me pra depois....
E quando meu corpo grita
Minha alma berra
E chove sem parar desmoronando minhas estruturas
É que desperto!
E me pergunto onde estou?
Como vim parar aqui?
E cadê você?... De novo e sempre...
Pra me iluminar.

Carolina Salcides

Possibilidades!

...vontade de um abraço seu 
que me alcance inteira
que dê a impressão que me pertence...
Que me entontece
Enquantece
Fazendo jus ao que somos
Tudo à vista
Sem desvios
Com juras e mais juras às carícias da luz!
Buscando...sentindo...despertando...
Ah, se tudo fosse eterno como um sol...

Sentimentos móveis

Chego de mansinho...
Imersa em um silêncio de alma para tudo renascer
Trago nas mãos o antítodo para algo que envenenara nossos desejos
Me apercebo que aqui não pode haver processo de quebra
Olha, não temos tempo a perder!
E tudo que tenha desbotado com incertezas
sejam pintadas com as cores intensas e mágicas de um arco íris
Fazendo cambalhotas, brincando sob nossos olhos em um céu sem antenas...
Que tudo seja encontros ante a tantos desencontros
Que nossos pensamentos irradiem sempre os nossos sentimentos
E nunca as nossas retóricas de pesadelos falsamente brandos
 e que de vez em quando chegam, imediatistas e ferozes.
[...]
Que tudo nosso esteja acima das diferenças temporais
E que possamos ter essa leveza de mergulhar sempre
para tudo se desdobrar em metáforas líquidas.
[...]
E nessas impermanências, inseguranças e espantos
Que fique sempre esse gostinho de chegar de repente... e permanecer...!

Intensa

"...Às vezes é bom agradecer por existir limites, pois nunca se sabe onde vai dar o infinito ..."
Bruno Cazonatti

sábado, 24 de julho de 2010

saudade!

"... HOJE é um dia daqueles que inevitavelmente sinto muita...
muita falta daquele par de asas que sempre pressentia perto de mim..."

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Solúvel

Impossivel resistir quando me toca a pele...
Sugando por meus poros
Tentando apreender toda uma vontade concentrada
Loucura? Talvez...
Me completo em nossos sentidos emergentes e sem orientação
urgentes trocas
Recomponho o todo em simples gestos
E só retenho o que me completa
Para tudo ser diluído lentamente com o correr do tempo...

Segredos

...gosto quando fecho meus olhos e te pressinto no ar...
inventando comigo os meus percursos
incessante vontade que não se explica
Entontece
Não nego
Me entrego
Vivo o que me é possivel!

terça-feira, 20 de julho de 2010

Amigos!

FELIZ DIA DO AMIGO(A)
"Fácil é ser colega, fazer companhia a alguém, dizer o que ele deseja.
Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer sempre a verdade quando for preciso.
E com confiança no que diz."

Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Deixa eu chegar!

Encosta-te a mim... me busca com todas as minhas limitações
Com todos os espaços delimitados e sujeito a surpresas...
Me acolhe em seu mundo livre
Me ama sem intervalos de esperas... me abraça sempre que eu te pedir pra abrir a porta
E inevitalvemnte me entregar da forma que me sinto
Reiventa-me sempre... busca-me sempre
Amor... encosta-te a mim
Só não quero adormecer...quero encantar-me nos seus passos!

Simetria

Totalmente plena de você!
Controlo meus ímpetos na tua sustentável leveza em me manter inteira
A forma como me olhas, me reserva o direito dessa tão íntima entrega
Não  meço as consequências, não arrumo minhas gavetas
Deixo-as entreabertas, sugerindo para mim um excesso de volumes
Preciso dessas desconstruções para me sentir plena,
mesmo na contramão das minhas linhas tão retas
Me desarrumo nessa totalidade o suficiente para que tudo me seja possível...
A súbita vontade que sacio quando o abraço mais quente e forte se faz presente,
No cheiro que fica na pele e que não desgruda com o tempo
Nos beijos que indicam a líquida força do desejo...
E nas vezes tantas que me fazes feliz
E que pareço dançar farta e sem embaraços
 em um jardim encharcado de nós mesmos...!

Revelações

O meu amor tem um jeito manso que é só seu
E que me deixa louca quando me beija a boca
A minha pele toda fica arrepiada
E me beija com calma e fundo
Até minh'alma se sentir beijada

O meu amor tem um jeito manso que é só seu
Que rouba os meus sentidos, viola os meus ouvidos
Com tantos segredos lindos e indecentes
Depois brinca comigo, ri do meu umbigo
E me crava os dentes

Eu sou sua menina, viu? E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha do bem que ele me faz

O meu amor tem um jeito manso que é só seu
Que me deixa maluca, quando me roça a nuca
E quase me machuca com a barba mal feita
E de pousar as coxas entre as minhas coxas
Quando ele se deita

O meu amor tem um jeito manso que é só seu
De me fazer rodeios, de me beijar os seios
Me beijar o ventre e me deixar em brasa
Desfruta do meu corpo como se o meu corpo
Fosse a sua casa

Eu sou sua menina, viu? E ele é o meu rapaz
Meu corpo é testemunha do bem que ele me faz
 
Chico Buarque
 
Hummm.. apenas para começar a semana a sonhar todos os sonhos!

Cadente

Quero possibilidades de estrela:
Despencar do firmamento
Criar verrugas nos apontados dedos dos lúcidos,
Realizar todos os desejos dos loucos.

Adriano Moura – poeta carioca
 
Só assim posso flutuar  no tempo e no espaço, brincando de brilhar!
Boa semana a todos...

nós




















essa coisa
que há em nós

busca que não cessa
palavra que não sacia

esperança que a gente tece
teimosamente
todos os dias

essa coisa
que há em nós

bálsamo para tantas dores
que a gente acostumou
e nem mais sente

força estranha
que há em nós
e nos leva pelas ruas
em busca dessas coisas todas
que na madrugada
desatam sobre nós.

Ademir Antonio Bacca – poeta e jornalista –RS

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Será que eles sabem?

Hoje...Dia do Homem
Parabéns a esse Ser aparentemente forte
 e muitas vezes tão carente e "frágil"
E  que nunca deixa de ser uma eterna criança!
Mas que adoro ter sempre ao meu lado...pertinho...juntinho
Em todos os momentos!

Ciclos da vida

Nesse momento encontro-me entregue nessa roda-viva
que me foi imposta pela vida
Reinvento-me a cada amanhecer em um processo
 onde preciso ser criativa e não pensar em meus medos. 
Busco respirar pausadamente para não diluír-me em um mar de anseios
Chacoalho em ondas fortes, ventos que me rodopiam e me desarticulam
Nunca tropeçar... é uma necessidade vital nesse vendaval a que me encontro
Preciso manter minha mente livre, leve e solta
Ah! Tudo é um conhecer, um recriar
E esses movimentos bruscos despertam em mim a força que não julgava ter
Pois, viver é essa imensa convergência de emoções
É singular e plural
É tudo e nada
É um sopro apenas...
Não importa as relações que construímos a nossa existência
Somos apenas meras plumas
Frágeis e ao mesmo tempo resistentes ao leve sabor e dissabores do vento
Podemos voar serenas ou ir de encontro a enormes barreiras
Não importa... voar é preciso sempre!
 E cada momento deve ser vivido
 com a mesma disposição de Davi frente ao gigante
Lançando pedras como se fossem pétalas de rosas 
Sem medos... olhando de frente, desperta!

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Irresistível!

Não resisti
Ver a chuva caindo
E você parado ali.

Te olhei sorrindo
Entre poças, entre pingos
Voei de encontro a ti.

Um amor que não resiste, não se aguenta
Faça sol , faça chuva
O teu beijo me afugenta
Me põe em fuga.

Fujo pra ti
Vou de encontro aos lábios teus
Fecho os olhos pra sentir
Esse amor que é todo meu.

Cada gota que desliza
Por entre os beijos seus
Escorre na minha boca
E fica em mim o gosto teu.

Demora um pouco mais
Enquanto sacio e satistaço
Meu desejo, minhas vontades
Dos teus beijos, de um abraço.

Vai depois e me deixa assim...
Uma borboleta molhada
Uma mulher satisfeita
Menos sedenta e mais apaixonada.

Carolina Salcides

Se

Se por acaso
a gente se cruzasse
ia ser um caso sério
você ia rir até amanhecer
eu ia ir até acontecer
de dia um improviso
de noite uma farra
a gente ia viver
com garra
eu ia tirar de ouvido
todos os sentidos
ia ser tão divertido
tocar um solo em dueto
ia ser um riso
ia ser um gozo
ia ser todo dia
a mesma folia
até deixar de ser poesia
e virar tédio
e nem o meu melhor vestido
era remédio
daí vá ficando por aí
eu vou ficando por aqui
evitando
desviando
sempre pensando
se por acaso
a gente se cruzasse...

Alice Ruiz

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Íntimo querer

Recrio mil vezes nossos momentos...!
Cada olhar revelado, cada toque sentido
Busco tudo que me pertence
Deslizo ávida e sem temor por caminhos que sei de cor
Que me acende a alma, me revela inteira, me deixa plena!
Eu tento com isso fazer com que nada se perca
Detalhes fartos que fazem a imaginação
Ditar as regras de um pensar, preencher esse vazio que nos une
Ou talvez com tudo isso, eu busque...
Alinhar o tempo ao meu querer
Extraindo dos meus pensamentos tudo que nos foi sublime
E que por instantes tão únicos
...Irresistível fui aos seus encantos...
Assim transbordo-me e nunca o perderei de vista!

Revelações

"...você cresceu em mim de um jeito
completamente insuspeitado,
assim como se você fosse apenas uma semente
e eu plantasse você esperando ver
uma plantinha qualquer,
pequena, rala, uma avenca, talvez samambaia,
no máximo uma roseira,
esperava de você apenas coisas assim,
avenca, samambaia, roseira, mas nunca,
em nenhum momento essa coisa enorme
que me obrigou a abrir todas as janelas,
e depois as portas,
e pouco a pouco derrubar todas as paredes
e arrancar o telhado
para que você crescesse livremente"

Caio Fernando Abreu

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Recriar um viver...

Não consigo ser imparcial em viver
Preciso ser sempre intensa
Mergulhar fundo em meus sentimentos
Subjulgando meus medos em ritmo velado
Só pra sentir um gosto de saudável rebeldia!
A sensação que tenho é que nada temo
Embora, aqui e alí, precise estar me sobrepondo 
A todos os "plins" e toques de realidade
Me faço de surda
Me transformo e renasço
 Misturo-me na liquidez desse sentir
Definitiva permaneço, experimento
Me componho e recomponho a cada busca
Deixo-me ir nessa correteza irrefreável de sentimentos
Eu e Eu mesma
Em voos e mergulhos
Fluindo emoções e elaborando uma nova ordem em meu viver...
Ciente da minha condição
Porém, decidida a...
Mergulhar de corpo e alma nos pequenos e sinuosos rios de minhas emoções!

Amigo amor!


Um quase silêncio... a paz revelada
A quietude que tanto preciso em meio a tempestade
Que pode estar do lado de dentro ou de fora da gente
Longe-Perto
Constante mistério colocando-nos de frente
Encharcando-me quando mais preciso
No tom certo da minha solidão
Que molha fácil feito chuva fina, serena, acontecendo no tempo certo
Que me percorre e nao me transborda
Que me dá paz, acalma a alma
Um amor porto seguro, que acolhe minhas tristezas e incertezas
É quando os olhos se espelham em mil tons de luzes e cores
Refletindo de volta a vida e a força de alguém
Que olha o outro com todo o carinho que há nesse mundo
Forjando chuvas em gotinhas de carinhos transparentes
Para que eu possa sempre reconheçer que nunca
 vou estar sozinha e à deriva
Fazendo-me ver nas diversidades as matizes certas do meu arco íris
Deixando a minha vida leve, fluída em todos os sentidos
E assim, com gestos e atos 
Me convidar para sempre e sempre
Atracar a minha nau em terras firmes e serenas de seus abraços
E assim me completar desse sentimento transparente e único
Certa e plena de você!

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Guardar você!

O que não compreendo eu envolvo em papel de fino trato
embalagem construída para o que preciso
com laços de fitas na medida dos meus sentimentos
abarcando, envolvendo, abraçando além do possível
permitindo guardar o que ultrapassa limites
embalando tudo que foi vivido
para nada fugir ao acaso do tempo e nada se perder no caminho de viver
Um risco imaginário...
Guardar o que precisa sempre ficar no ar, livre, leve e solto!

Travessia

 
Pequeno grande amor
que gerou toda sorte de reflexão
se fosse apenas um pequeno amor
passaria longe do meu epicentro
se fosse um gradíssimo amor
estaria tudo ao meu redor devastado
mas foi um pequeno grande amor
daqueles que têm tamanhos para todos os lados
e só podem ser medidos por dentro

Martha Medeiros
(Cartas Extraviadas)

Memória (I)

As unhas não guardam
marcas dos amores que,
delicadas, destroçaram.

Os olhos não retêm
a memória das imagens
indecifradas.

Com a lembrança pousada
na praia antiga de um beijo,
procuro
desatenta
traçar o mapa do desejo,
sua secreta geografia.

 
Ana Maria Marques

Há sempre um que de pecado quando tentamos buscar trazer à tona o imenso desejo de um querer!