segunda-feira, 31 de maio de 2010

Desafio

As palavras fogem quando me transporto a tí
Me permito apenas as expressões de algumas sensações
 que reacende o fulgor das lembranças
Impulsiva dimensão do tempo
que transcende todo um sentir...!
Íntimas verdades, incontido querer
que não existe distâncias
Explícita apenas no brilho do olhar
Na vontade diária desafiadora
Chama que reacende
Fogo, caos, abismo
Que me desorganiza,
Que duela com contrários
À favor apenas de um  querer imenso
Revelando que tudo em mim é espera
Que tudo em mim é logicamente incorreto
Mas... mesmo assim fico muda
e à deriva dessa força que desafia até mesmo
o imaginários das palavras!

Fuga

Entre o que escrevo
e a solidão lá fora
no avesso da tristeza

Voa o pensamento nuvem
de imprevisíveis roteiros
a embalar-me na fuga

Quando a poesia canta em minha mão
onde estiveres estarás comigo
não há distância para o coração

Jade Dantas
Poeta e arquiteta pernambucana

Notas íntimas

Embora tudo - nos tempos e pelos tempos - seja tão semelhante,
cada momento é singular, único, incomparável.
Instantes que dimensionam os momentos
Que harmonizam e que nos reiventa, assim como a música!
Toque suaves, notas que misturam-se e renovam-se...
Que trazem brilho, inquietação, suspiro, inspiração...
Um sopro lírico de vida!
Traçando a geografia intima do meu ser
Sempre afinado com o meu momento
com o meu sentimento...
Para além da percepção
Me tirando o chão para tocar o nosso ritmo
Me conduzindo em valsa pelas esferas do delírio
Sendo maestro de minha perdição nessa eterna busca!
Sinto apenas que preciso e muito...
esperar-te para mais uma dança!

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Vertigem

Deixa eu beber lentamente nesse doce ninho do teu beijo
Me perder na mansidão quente do seu respirar
Entregue
livre
Fica...  Sem tempo determinado!
Há dentro de mim uma batalha que travo diariamente
Entre me deixar endoidecer contigo,
nesses beijos profundos de delicias
E...  na minha distraída realidade ardente
que me parece sombra.

E se é para ser manter um divisor em sonhar...
Roubo o tempo e percorro o fogo de tua forma beijando-te!
Leve vertigem!

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Mosaico

Sou pedaços
De partes feitas no tempo
de pedras e de percalços
Sou pedaços
Colados num todo multifacetado
Em parte: mudo
Em parte: parlo
Sou pedaços
De porções sagradas e de profanas
De perto: recato.
De longe: explosão
Contudo, permaneço inconcluso.

Ed Porto
Poeta paraibano

Se tu viesse ver-me...

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...

Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...
Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri

E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...


Florbela Espanca

Inquietudes

Importa-me sentir essas sensações indizíveis trazidas pelos mistérios da emoção
Porém, permaneço múltipla
Sintetizo querer e sonhar
Não terei a pressa que aniquila o tempo
Revelo-me pela lenta espera
Deparo-me com inquietudes que permanecem presentes e constantes
Particularidades que sintetizam apenas
 a minha disposição de compor o que está disperso nesse universo
E que anseio unir em um só dia... 
Me basta!!!!
Pele a pele... simbiose do ar... reciprocidades!
Só para desconstruir com incursões mil...
Todo um percurso que fragmentei com essa longa espera!

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Fugaz

sinto as mãos frias
[.]
é sempre assim
quando quebro
a eterna resistência
ao silêncio
que te devo
e a que
me obrigo
[.]
resisto, mas
periodicamente
há coisas
que me trazem a ti
[.]
então, fico frágil
e por breves momentos
sei que houve
um inigualável tempo
em que tive tudo na vida

Fly, in "MyFlyAway"

terça-feira, 25 de maio de 2010

Dilema

Talvez amar seja definitivo
como um trilho a decidir se o que passou
violentamente bem
foi (ou não foi) a leveza de um trem.

André Ricardo Aguiar
Poeta e escritor paraibano

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Voo cego

De tão leve
Imagino traçado na eternidade
Me prometendo o sol em dias de chuva
Que vem pedindo passagem
Que acredita ser o dono do céu!
Pretenção que pensando melhor
Me faz mergulhar no meio do nada,
Inteirada apenas que voo rumo ao desconhecido
Feito nuvem em céu de água.
Não me vejo sem essas paralelas em busca do infinito...
É o nosso lugar comum!
É apenas onde o nosso tempo goteja
 Aonde tudo é absorvido lentamente.
Lugar onde guardamos o nosso melhor e que pode ser apenas
uma escolha.
Uma simples escolha de acharmos que realmente o céu é perto
Nos espaços curtos de nossas mãos!

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Tempos serenos

Há algo de perdição nessa minha busca incessante
Um segredo que alimenta a minha fome de descoberta,
A minha sede de beleza!
Algo que chega e entra sem pedir licença 
Possivel e pássivel o tempo inteiro
Recolhida apenas pelo tempo
Mas sempre presente desde o início da minha existência!
Que em tardes mornas se fazem perceber
Que me recria a cada desafio em juntar palavras
Que me eleva... que me deixa descalça, nua
Porém inteira!
Mesmo assim, é preciso reagir e abraçar sem medos
essa minha mais nova tarefa de transformar pedras em pétalas
E me deixar levar nessa quietude difusa e perene
Deixando assim minhas marcas na areia
Numa corajosa e eterna transmutação diária...

A todos que me acompanham e incentivam diáriamente com gotinhas de carinhos,  
o meu pisar sereno nas areias do meu tempo.
Bom fim de semana!

Rendição

Reveladoras palavras que insistem em devassar sentimentos...
Palavras que juntas acabam uma espera
Que formam breves diálogos ou longas saudades 
Fortes ou sensíveis
Silenciosas e castas
Impressas ou virtuais
Podem trazer sensações indizíveis
Ao percebermos coesos os nossos sentimentos mais desejados
Eternizando com isso emoções momentâneas!
Palavras que ao serem lidas conseguem fazer com que nossa alma silencie
E só aí percebemos
 E na percepção nos rendemos
 A essas pequenas capsúlas de sentidos e sensações
Que diariamente nos prometem muitos voos e mergulhos!

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Conflitos

O amor é esse conflito permanente e completo:
Liberta e agarra
É doçura e amargura
Refaz e desfaz
Ressuscita e adormece
Faz-nos sonhar e confronta-nos com a realidade pura e dura.
Dá à luz.
Mas também tem o poder de nos matar.

Pedro Paixão

Gosto

Gosto quando me descreves a olhos nus
E percebes a minha alma exposta ao mais leve prazer.
E de seus mais sensíveis sonhos me tornas tão real...
Que de olhos fechados
percorro longas distâncias em breves percursos ...
Gosto quando buscas identificar trajetos tão conhecidos e tão sonhados
Renomeando-os de uma forma única e só sua...
Gosto porque gosto!
Afinal, em todo preencher
o indefinido se torna essêncial, os mistérios indecifráveis se bastam
E o que não se explica, permanece!

À espiritualidade de um amor distante

Entre nós, só as vozes serão ouvidas
e os abraços sentidos.
Seremos sombras e imagens,
Espiritualidade e ressonância.

As estrelas dormirão cansadas.
O sol será o transeunte perdido
à hora dos nossos encontros...

Ninguém notará minha ausência,
nem eu,
eu que sou sombra, ressonância, imagem.

Ronaldo Cunha Lima (1936)
Poeta paraibano

Olhos

não compreendo meus olhos
ditos cor de marfim
vivendo entre abrolhos
tão distante de mim

não digam que tenho olhos
olhar não é bem assim
não digam quem eu sou
o ser não tem fim

explicando o devenir
eterno vir-a-ser
o filosofo a prevenir

como se fosse possível
meus olhos entender
a dor resto da dor
na hora da morte morrer...

José Di Lorenzo Serpa
(poeta, escritor paraibano)

quarta-feira, 19 de maio de 2010

O que fazer?

... Quando nos sentimos nas delicadas raias da emoção... numa entrega nunca antes sonhada... onde tudo flui com uma capacidade maior a que podemos intervir ou ousar explicar.
Quando tudo nos impulsiona a descobrir nas entrelinhas e nos silêncios
 o que enigmaticamente se faz conhecer.
Mas... que foge ao nosso entendimento. Que não tem explicação, que entra nos nossos sonhos mais indevidos, que se apresenta como armadilhas do destino. Que vem mansinho... contornando... abraçando... arrepiando a alma.  Mas que chega pulsante feito enchente, perdido entre o querer e não querer saber.  Enigmático. Absoluto. Repentino bem-querer.

[...]

E sem que se soubessem quem, nem por que... declaramo-nos aturdidos,  mas entregues. Mergulhamos em sensações, inseguranças e espantos. Atraídos em tão vôo rasante. Estranhamente mais unidos.
 Percebiamos como feitos e perfeitos um para o outro.

[...]

Apenas decidiram viver o que nem sabiam que pudessem viver. Sentimentos móveis, paixão, alegrias fugidias, amores (cor)respondidos.... ou quem sabe talvez a maior loucura de suas vidas! Nesse viver e sonhar, desimporta. De olhos fechados, há um rio a correr e além do mais, certas emoções fogem-nos às explicações concretas e são exatamente nestas, que perduram sempre a nossa infinita condição de voar e sonhar.

São emoções líquidas reelaborando uma nova ordem em viver e querer viver um sonho. Resta-nos beber!

Entrega

“Desvenda-me, descubra-me, me cubra! Desvenda todas as minhas ruas enquanto tem acesso a elas...
Sou assim, completa.
Sedenta de paixão e de amor, repleta.
Vôo alto, mas mantenho os pés no chão.”

Carolina Salcides

terça-feira, 18 de maio de 2010

Lucidez

Sem medo de transbordar-me
selando a minha própria existência
em todos os sentidos.
Compondo uma espera
esparramada pela eternidade difusa de um instante
Um só instante...
Transgredir regras
Reinventar-me o tempo todo!
 É apenas um salto sobre mim mesma,
constituíndo a magia e a emoção
que só uma espera estabelece.
Circunstancial... temporária
inquietante
suprimindo qualquer distância em realidade pulsante.
 São as pequenas sutilizas de uma espera!

Caminhos

que nenhuma estrela

queime o teu perfil

que nenhum deus

se lembre do teu nome

que nem o vento

passe onde tu passas

para ti criarei

um dia puro

livre como o vento

e repetido

como o florir

das ondas ordenadas

[ Sophia de Mello Breyner Andresen ]

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Explica!

Quem sabia por quê? Dentro de nós essa interrogação
gritando explicação, evocando pontos conclusivos
Que coincidência, destino ou milagre
permitiu que atravessasse várias luas
e acabasse assim... dessa forma?
no encontro de nossas maos?

Não esquece!

Quando eu te ver de novo
vou te abraçar
da mesma forma que faço
quando brinco com o ar:
o sugo para mim
e seguro-o ao máximo;
até não poder mais
(...) até precisar respirar de novo...

(até o ar de mais nos deixa sem fôlego)


- Cáh Morandi -

Pra você...

"...Pra você guardei o amor
Que nunca soube dar
O amor que tive
E vi sem me deixar
Sentir
Sem conseguir
Provar
Sem entregar
E repartir.
Pra voce guardei
O amor que sempre
Quis mostrar
O amor
Que vive
Em mim
Vem visitar
Sorrir
Vem colorir
Solar
Vem esquentar
E permitir..."
Nando Reis e Ana Cañas

Permita-me a espera
A contagem regressiva
Toda a vontade
Vamos apenas fazer do tempo
Nosso aliado
Sentir-nos leve 
Pra só assim...
Fazer valer o que tanto guardamos a sete chaves! 

Pudesse

Pudesse eu roubaria você desse lugar
Ultrapassaria a ponte dessa distância
Para apenas ficarmos juntinhos nesse lago de desejos!
Pudesse eu faria todo esses percurso
Com braçadas fortes
Só para sentir a tua presença do outro lado da margem
Pudesse eu apenas me desprederia dessas amarras
e daria voos rasantes
mesmo sem saber voar!
Esquecia do mundo apenas para trazer você para minha margem
E nele ficarmos sem pressa e sem relógios
Misturando nossas histórias de vida
Redescobrindo-nos
Em caminhos tão navegados por nós!

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Convite

E o que eu poderia criar? Deu-me na telha a vontade de andar.

Meu andar pode ser cheio de segredos.

A cada passo que eu dou,

batuco o chão.

Você pode dançar o meu batuque?

O que eu poderia dizer sem mentir?

Meu peito é cheio de suspiros.

A cada lembrança nossa,

acumulo mais ar.

Você pode me acompanhar se eu começar a flutuar?

E agora, o que eu faço com isso?

Meu corpo é cheio de vontades.

Ele está preso num único instante;

o instante em que o moço que não sabia sorrir, sorriu.

Você pode me libertar disso?

Alê Quites


Um convite... apenas para lembrar o quanto podemos fazer desses instantes únicos que a vida nos presenteia. Então segure-os. Não deixe que voe essas sensações efemeras. Não há como escapar da palavra, do vento, da chuva, do sonho, do amor.

Instantes

Foto: Nick Cave

Deixa-me amar-te em meus silêncios

Na calmaria do teu coração que me acolhe

E de onde se desprendem meus sonhos

Em vôos etéreos de plena liberdade

Deixa-me amar-te em minha solidão

Ainda que meus labirintos te confundam

E que teus fios generosos de compreensão

Emaranhem-se no tapete dos meus enigmas

Deixa-me amar-te sem qualquer explicação

Na ternura das tuas mãos que me sorriem

Escrevendo desejos em versos despidos

Na minha alva tez que te cobre e descobre

Deixa-me amar-te em meus segredos

Para que desvendes o que também desconheço

A alma dos meus abismos onde anoiteço

E meus olhos adormecem embalados pelo mistério

Deixa-me amar-te em tuas demoras, longas horas

Em que meu corpo se veste de céu à tua espera

E minhas mãos em frenesi acendem estrelas

Para alumiar-te, ainda que ausente estejas…

(Fernanda Guimarães)

Parece-me que ficaria eternamente assim... Apenas sentindo o argumento das plumas que é sonhar. Bom fim de semana!

Entrega

O argumento do toque
Enquanto delirio
Ocorrências inexplicáveis
Situação no minimo estranha
Mas... como não sentir
Seu olhar me alcançando
Suas mãos me percorrendo sem atalhos
Carinhos distraídos
Além do tempo...?
Ah! Que seja!
O que fazer, se tenho a sensação de que respiramos o mesmo ar?

Um conselho

"Só há uma forma de se estar perto

quando se está muito longe:

se fecha os olhos, bem forte,

e pensa e deseja muito, muito, muito

estar juntinho de quem ama.

Porque no amor tem dessas coisas

....a gente só não pode abrir os olhos

....a gente só não pode deixar de acreditar..."

(Cáh Morandi)

Enquanto esperamos, podemos fazer a vida acontecer, reiventando o amor no sonho, nem que seja por um só minuto. Não faz mal... podemos viver sim a farsa do amor, a pele do amor, a máscara do amor, não faz mal, contanto que seja amor a palavra de ordem e que mesmo distante pode sim, ser vivido e sentido.

Certeza

Foto: Orba Squara

Sabe amor... eu tenho certeza de que se eu preciso de você posso sim, contar contigo!
Contar com um carinho daqueles feito taça de champanha, que faz cócegas borbulhantes
disponível e sem prazos de validade,
Um mar aberto de possibilidades
Assim como o ar que respiro
Essa sensação me deixa à vontade... pés descalços na sua vida
Apenas queria respirar diariamente desse ar,
desse universo que criamos,
não mais ilha, amor,
mas universo, mundo em si que em nós se basta
Mas...sabe
Tem coisas que nao precisam ser concretas... visíveis
Elas apenas precisam existir!
E ao existirem e sentidas, estarem alí... à espera...
como se fosse aquele travesseirinho o qual podemos jogar nossos pensamentos.
É esse processo que nos contém e que nos encerra em tudo
E que dos dá a certeza da extrema temporalidade de nossa existencia.
Te amo, te amo, te amo... !

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Disfarce

"Eu conheço o teu beijo,

Mas não vejo o teu rosto.

Quem será que eu amo

E ainda não encontrei ?

Que sorriso aberto,

Ou olhar tão profundo.

Que disfarce será que usas

Pro resto do mundo?

Onde será que moras?

Em que língua me chamas?

Em que cena da vida

Haverás de comigo cruzar?"

Eduardo Duzek

Espero você...

Vem sem receio: eu te recebo

Como um dom dos deuses do deserto

Que decretaram minha trégua, e permitiram

Que o mel de teus olhos me invadisse.

 
Quero que o meu amor te faça livre,

Que meus dedos não te prendam

Mas contornem teu raro perfil

Como lábios tocam um anel sagrado.

 
Quero que o meu amor te seja enfeite

E conforto, porto de partida para a fundação

Do teu reino, em que a sombra

Seja abrigo e ilha


Quero que o meu amor te seja leve

Como se dançasse numa praia uma menina.

(Lya Luft)

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Desejo...

...alguém que me permita sonhar em pleno deserto
que por um instante sacie, desperte-me e
sem me fazer perguntas, escancare a minha alma
Me vire pelo o avesso
Refaça meus sentidos, acenda meus desejos
Deixando marcas pelo caminho percorrido
Arrepiando a pele
Improvisando percursos com seu passo mudo e manso
Reencontrando-se na vontade
Desaguando em mim um mar de sonhos
E por já termos tudo...
Depois...
Desejo apenas ficarmos no silêncio de um abraço!

Dorme...

Um sono leve
De sonhos mais livres
Embalado apenas por um carinho imenso
feito cantigas de ninar
Dorme...
Esquece o tempo
viva esse momento intenso
Não pensa em nada
Descança a alma
Intensifica os desejos
Busca apenas acordar com a suave sensação
De que tudo vale a pena,
quando fehamos os olhos e temos a certeza
que anjos zelam por nossos sono!
E eu acredito em anjos....

terça-feira, 11 de maio de 2010

Rito I

E, neste rito,
descubro o justo irreal
do teu corpo.
Nem sei se da pele,
por onde deslizo os dedos,
como faria ao dorso da correnteza.
Talves da curva suave
em comissura da boca.
Prossigo buscando,
mas nunca me permitas
fazê-lo real.
Melhor buscar-te
enquanto não existes.

Luiz Augusto Crispim
(1945-2008)
In: Poemas da estação

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Apenas isso...

Segura minha mão
Não se percas de mim
Improvisa atalhos pra que o tempo passe rápido
 e mesmo nestes
Nao perde o rumo, o prumo
Guia-te pelo querer
pela promessa
Apenas faz-me parecer que
a felicidade está assim...
ao alcance de nossas mãos!

Arrepio

Um arrepio de alma
que só no silêncio se alcança
Que nada pesa
sente-se...
Que passa de raspão na nossa vida
nos fazendo parar
buscar o inevitável...
Que chega sem fazer barulho
sem malícia
Mas...que deixa um eco
que envolve
que embala
e...que simplismente arrepia a alma
de tanto carinho!
Quero apenas que me prendas
nesse querer tão conhecido e no teu gesto
mais suave
Pois tudo podia ser sempre dessa forma:
instantes eternos de leves arrepios!

Alguém pra dançar

"Alguém que me acenda nas noites escuras

Alguém que que me escute mesmo calado

Alguém lado a lado

Alguém que esparrame flores no meu tatame

Alguém que me chame quando o cometa passar

Alguém que me assopre e me espalhe no ar

Alguém com o seu nome

Alguém com a mesma fome."

Arruda

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Em algum Lugar!

Foto: Jaymay

Acho que em algum lugar do passado tivemos os mesmo sonhos
O mesmo olhar ao longe de algum ponto qualquer
Hoje nos reconhecemos
no toque
nos pensamentos
nos caminhos
na entrega
na procura
na forma que sentimos um ao outro...
Um olhar que desnuda o tempo
como se enxergasse a tudo
Que mesmo de olhos fechados não hesita
A certeza, mesmo sem nada entender
o quanto existe de inexplicável nessa vida
E o quanto nos reconhecemos de longos tempos
Por isso nos queremos assim...dessa forma única...
É o que sinto!

sábado, 1 de maio de 2010

Dá-me tua mão

Foto: Janson Collett

...diz-me o teu nome

escreve-o

com os teus dedos

na minha mão

sopra-mo no ouvido

pousa-o nos meus lábios

esquece o corpo

que tens nos braços

fecha os olhos

e, para sempre

dá-me a mão.

[Fly, inspirado em Maria do Rosário Pedreira]

Eu sei e você sabe

Eu sei e você sabe

Já que a vida quis assim

Que nada nesse mundo levará você de mim

Eu sei e você sabe

Que a distância não existe

Que todo grande amor

Só é bem grande se for triste

Por isso meu amor

Não tenha medo de sofrer

Que todos os caminhos

Me encaminham a você.

Assim como o Oceano, só é belo com o luar

Assim como a Canção, só tem razão se se cantar

Assim como uma nuvem, só acontece se chover

Assim como o poeta, só é bem grande se sofrer

Assim como viver sem ter amor, não é viver

Não há você sem mim

E eu não existo sem você!

Vinicius de Moraes