sábado, 19 de junho de 2010

Ao poeta que virou estrela...

ESTUDO DE NU

Essa linha que nasce nos teus ombros,
Que se prolonga em braço, depois mão,
Esses círculos tangentes, geminados,
Cujo centro em cones se resolve,
Agudamente erguidos para os lábios
Que dos teus se desprenderam, ansiosos.
Essas duas parábolas que te apertam
No quebrar onduloso da cintura,
As calipígias ciclóides sobrepostas
Ao risco das colunas invertidas:
Tépidas coxas de linhas envolventes,
Contornada espiral que não se extingue.
Essa curva quase nada que desenha
No teu ventre um arco repousado,
Esse triângulo de treva cintilante,
Caminho e selo da porta do teu corpo,
Onde o estudo de nu que vou fazendo
Se transforma no quadro terminado.

JOSÉ SARAMAGO (1922-2010)
E que vai brilhar sempre!

Um comentário:

  1. OI carmem, belo poema do saramago, que deus o tenha....ops...ele era ateu...rs Mas isso não muda nada caso deus exista não vai excluir o velho poeta só pa ele era pirracento, né?
    Beijos

    PS: Acabei de atualizar a nossa acanhada Narroterapia, esse cafofo que é sue tb. Passe por lá deixe seu comentário. Ajude na terapia...rs

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